15 maio, 2012

NO CAMINHO, COM MAIAKOVSKI


Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor,
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz,
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
                        (Eduardo Alves da Costa.
               No caminho, com Maiakovski)

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