31 dezembro, 2011

RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegrama?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade
O português odiava o gato da esposa e resolve dar um fim no coitado.
Coloca o bichinho dentro de um saco, joga no porta-malas do carro e o abandona a 20 quadras de sua casa.
Quando retorna, lá esta o gato em frente ao portão. Nervoso, o português repete a operação e abandona o bichinho a 40 quadras de sua casa.
Quando retorna, novamente encontra o gato em frente ao portão.
Mais nervoso ainda, pega o gato e anda 10 quadras para a direita, 20 para a esquerda, 30 para baixo e diz:
- Agora quero ver!
Cinco minutos depois liga para a esposa:
- Maria, o gato está por aí?
- Ele esta chegando, por que?
- Põe o filho da puta no telefone, que eu estou perdido!
A garota chega para mãe, reclamando do ceticismo do namorado. - Mãe, o Mário diz que não acredita em inferno! - Case-se com ele minha filha e deixe o resto comigo!

COGITO

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim

(from Os últimos dias de paupéria, 1982)

LÍNGUA DIFÍCIL

Amar na primeira pessoa
do presente do indicativo singular,
é estar sempre no castigo.

Amar na segunda pessoa
é estar ausente do sacrifício,
mas se colocando no lugar do amigo.

Amar na terceira pessoa,
é estar fora do castigo e do sacrifício,
porém solidário com o amigo.

Amar na primeira pessoa,
do presente do indicativo plural,
é compartilhar, com os amigos,
no castigo e no sacrifício.

Amar na segunda pessoa
é homenagear-vos que viveis
no castigo e no sacrifício.

Amar na terceira pessoa,
é ovacionar os que lutam,
mesmo estando, no castigo
e no sacrifício.

A RUA

toda rua tem seu curso
tem seu leito de água clara
por onde passa a memória
lembrando histórias de um tempo
que não acaba

de uma rua de uma rua
eu lembro agora
que o tempo ninguém mais
ninguém mais canta
muito embora de cirandas
(oi de cirandas)
e de meninos correndo
atrás de bandas

atrás de bandas que passavam
como o rio parnaíba
rio manso
passava no fim da rua
e molhava seu lajedos
onde a noite refletia
o brilho manso
o tempo claro da lua

ê são joão ê pacatuba
ê rua do barrocão
ê parnaíba passando
separando a minha rua
das outras, do maranhão

de longe pensando nela
meu coração de menino
bate forte como um sino
que anuncia procissão

ê minha rua meu povo
ê gente que mal nasceu
das dores que morreu cedo
luzia que se perdeu
macapreto zé velhinho
esse menino crescido
que tem o peito ferido
anda vivo, não morreu

ê pacatuba
meu tempo de brincar
já foi-se embora
ê parnaíba
passando pela rua
até agora
agora por aqui estou
com vontade
e eu vou volto pra matar
essa saudade

ê são joão ê pacatuba
ê rua do barrocão.


In: TORQUATO NETO. Os últimos dias de paupéria: do lado de dentro. Org. Ana Maria S. de Araújo Duarte e Waly Salomão. 2.ed. rev. e aum. São Paulo: M. Limonad, 1982
O filho do Seu Lunga jogava futebol em um clube local, e um dia Seu Lunga foi assistir a um jogo de seu filho no estádio, e o sujeito sentado ao lado pergunta:
- Seu Lunga, qual dos jogadores ali é o seu filho.
Seu Lunga aponta e diz:
- É aquele ali...
- Aquele qual?
- Aquele ali!!!!
- Não tô vendo...
Então Seu Lunga "P" da vida pega uma pedra, joga na cabeça de seu filho e diz:
- É aquele alí que começou a chorar!!!"

30 dezembro, 2011

A televisão da loira
Por que a loira colocou fogo na televisão???
R: Porque ela queria assistir Tela Quente!!…
Poética

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
Vinícius de Moraes

VERDE TE QUERO VERDE

 
TUA NASCENTE É BELA
TEU INFINITO É AZUL
POSSO DIZER-TE QUE AMO
AQUI NASCI
DAQUI HEI DE PARTIR.

VERDE DE AMOR
MORENA DE CALOR
CAI A TI UMA
PALAVRA BRILHANTE:
ESPLENDOR.

COMO UM RAIO
QUE TE ILUMINA
ILUMINA MEU CORAÇÃO
QUE FAZ ENCHER-ME DE PAIXÃO.

29 dezembro, 2011

SÓ UMA CERTEZA

- QUEM SOU EU?
- DÚVIDAS E INCERTEZAS!

- QUEM ÉS TU?
- NADA SEI DE TI!

- QUEM SÃO ELES?
- NADA SEI DA VIDA ALHEIA!

- QUEM SOMOS NÓS?
- SÓ SEI QUE SOMOS PÓS!
Alô, a minha sogra quer se atirar da janela. - Enganou-se no número, aqui é da carpintaria... - Eu sei, mas é que a janela não abre...

ROSA PARTIDA

A ROSA MAIS CUIDADA
A ROSA BEM REGADA
A ROSA PERFUMADA
DE COR ALVEJANTE
RELUZENTE AO SOL
PÉTALAS BONITAS
A MAIS COBIÇADA.

DE TANTA CONTEMPLAÇÃO,
TORNARA-SE VAIDOSA.

ROSA DESBOTADA
ROSA ENVELHECIDA
ROSA DE COR PÁLIDA
ROSA COM CÂNCER DE PÉTALA.

FECHOU-SE NA ESCURIDÃO
AO FUNDO: O CHÃO.

ROSA QUE FOI VIDA,
AGORA É MORTE.
ROSA QUE NÃO TEM SORTE.

ROSA QUE MURCHOU,
FOI PÓ E AO PÓ RETORNOU.

28 dezembro, 2011

Todas as crianças haviam saído na fotografia e a professora estava tentando persuadi-las a comprar uma cópia da foto do grupo. - 'Imaginem que bonito será quando vocês forem grandes e todos digam ali está Catarina, é advogada, ou também Este é o Miguel. Agora é médico'. Ouviu-se uma vozinha vinda do fundo da sala: -'E ali está a professora. Já morreu.'

27 dezembro, 2011

Jamais haverá ano novo, se continuar a copiar os erros dos anos velhos.
Luís de Camões.
Joãozinho voltou da aula de catecismo e perguntou ao pai: - Pai, porque quando Jesus ressuscitou, apareceu primeiro para as mulheres e não para os homens? - Sei não, meu filho! Vai ver que é porque ele queria que a noticia se espalhasse mais depressa!

25 dezembro, 2011

A LENDA DO CABEÇA DE CUIA

lenda do Cabeça de Cuia, assim como quase todas as lendas que fantasiam e atraem a imaginação do povo brasileiro, é contada de várias formas e possui várias versões, e a cada pessoa que a estória é passada, transmite-se novos fatores que acabam por afastar da realidade a verdade sobre a lenda. O Portal Cabeça de Cuia, após grande pesquisa, traz o relato mais próximo do que teria sido a maior das lendas do Piauí:

Crispim era um jovem rapaz, originário de uma família muito pobre, que vivia na pequena Vila do Poti (hoje, Poti Velho, bairro da zona norte de Teresina). Seu pai, que era pescador, morreu muito cedo, deixando o pequeno Crispim e sua velha mãe, uma senhora doente, sem nenhuma fonte de sustento. Sendo assim, Crispim teve que começar a trabalhar ainda jovem, também como pescador.

Um dia, Crispim foi a uma de suas pescarias, mas, por azar, não conseguiu pescar absolutamente nada. De volta à sua casa, descobriu que sua mãe havia feito para o seu almoço apenas uma comida rala, acompanhado de um suporte de boi (osso da canela do boi). Como Crispim jazia de fome e raiva, devido à pescaria fracassada, enfureceu-se com a miséria daquela comida e decidiu vingar-se da mãe por estarem naquela situação. Então, em um ato rápido e violento, o jovem golpeou a cabeça da mãe, a deixando a beira da morte. Dizem, até mesmo, que de onde deveria sair o tutano do osso do boi, escorria apenas o sangue da mãe de Crispim.

Porém, a velha senhora, antes de falecer, rogou uma maldição contra seu filho, que lhe foi atendida. A maldição rezava que Crispim transformasse-se em um monstro aquático, com a cabeça enorme no formato de uma cuia, que vagaria dia e noite e só se libertaria da maldição após devorar sete virgens, de nome Maria.

Com a maldição, Crispim enlouquecera, numa mistura de medo e ódio, e correu ao rio Parnaíba, onde se afogou. Seu corpo nunca foi encontrado e, até hoje, as pessoas mais antigas proíbem suas filhas virgens de nome Maria de lavarem roupa ou se banharem nas épocas de cheia do rio. Alguns moradores da região afirmam que o Cabeça de Cuia, além de procurar as virgens, assassina os banhistas do rio e tenta virar embarcações que passam pelo rio.

Outros também afirmam que Crispim ou, o Cabeça de Cuia, procura as mulheres por achar que elas, na verdade, são sua mãe, que veio ao rio Parnaíba para lhe perdoar. Mas, ao se aproximar, e se deparar com outra mulher, ele se irrita novamente e acaba por matar as mulheres.

O Cabeça de Cuia, até hoje, não conseguiu devorar nem uma virgem de nome Maria.

Em 2003, foi instituido pela Prefeitura Municipal de Teresina, o Dia do Cabeça de Cuia, para ser comemorado na última sexta-feira do mês de abril.

Fonte: A lenda do Cabeça de Cuia - Opção inteligente.

POESIA DA FELICIDADE

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
Fernando Pessoa

24 dezembro, 2011

Na sala de aula

A professora para o Joãozinho: Joãozinho, qual o tempo verbal da frase: 'Isso não podia ter acontecido'? * Preservativo imperfeito, professora!

21 dezembro, 2011

Abandonado

Se você está se sentindo sozinho, abandonado, achando que ninguém liga para você... “Atrase um pagamento"

DIABO

CORRE O ANJO DA DOR

A MIRA DELE NÃO FALHOU

NEM UM HOMEM FOI HUMANIZADO

E O MUNDO FICOU ASSOMBRADO.

“A escola perdeu a vocação humanista e trocou a atenção ao ser humano por uma grande competição estimulada por todos, inclusive pais. O tempo todo busca-se saber quem é o melhor, o mais bonito, etc. e quem não se adéqua é hostilizado.” (Dra. Sueli Damergian)



LUZ E SOMBRA

 
Há noites tão escuras

que mesmo quando chega o dia

ainda assim nada se vê



Há noites tão tristes

que mesmo quando chaga o dia

ainda assim pouco se alegra



Mas há noites iluminadas

que nem nos apercebemos que anoiteceu.



Vias de Fato



Sangro à sorte

quando me fincas

teus olhos



Cada olho um gume

Cada gume um corte.


Laerte Magalhães

17 dezembro, 2011

SOLIDÁRIO

Na escola a professora fala: Quem se considerar burro fique em pé.


Passa um tempo e ninguém se levanta até que Joãozinho fica em pé.

-Muito bem joãozinho você se acha burro?

-Não professora é que eu fiquei com dó de ver a senhora aí em pé sozinha.

14 dezembro, 2011

O GAÚCHO E O CAVALO

Num domingo pela manhã, o gaúcho chega em uma igreja com o um belo cavalo. Procura o padre e diz:

-Bá, tchê! Vim aqui para batizar o meu cavalo.

-Batizar um cavalo? Estás maluco? De forma nenhuma eu vou fazer isso!

-Que pena, tchê. – responde o gaúcho - Eu até trouxe dez mil pra pagar pelo batismo, mas tudo bem, se não é possível, eu vou embora.

-Calma, calma. Deixe-me pensar, afinal os animais também são crias do Divino. Eu acho que, na verdade, pensando bem, no final das contas, qual o problema de um cavalo ser batizado, não é mesmo?

-Que bom, tchê. Falou o gaúcho que entrou na igreja com o cavalo, o batizou e pagou os dez mil ao vigário.

Quando ele ia saindo o padre o grita:

-Ei, gaúcho! Não vá te esquecer que, logo, tu tens que trazer o bicho para ser crismado!

O BURACO

A água corre limpa
através do buraco.
A casinha não dá
pra passar uma chuva.
Quem se importa?
É domingo, dia santo, é feriado.
Deixa correr, só é um buraco mesmo.
Caso fosse um buracão,
estava na mão do seu João.
Para pobre é divertimento à altura.
O Moura vem, aí aumenta a cultura.
O Pádua também vem, 100% amém.
Cervejas, whisky e peixa assado.
Domingo, dia santo, é feriado.
Como é bom esse buraco.
Família reunida, não tem discussão,
só muita interação.
Ah! como é bom!
Domingo, dia santo, é feriado no buraco.

13 dezembro, 2011

HOMENAGEM A LUIZ GONZAGA

Hoje, Luiz Gonzaga, estaria completando 99 anos.

Luiz Gonzaga do Nascimento [1] (Exu, 13 de dezembro de 1912 — Recife, 2 de agosto de 1989) foi um compositor popular brasileiro, conhecido como o Rei do Baião.
Foi uma das mais completas e inventivas figuras da música popular brasileira. Cantando acompanhado de sua sanfona, zabumba e triângulo, levou a alegria das festas juninas e dos forrós pé-de-serra, bem como a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o sertãonordestino, para o resto do país, numa época em que a maioria das pessoas desconhecia o baião, o xote e o xaxado. Admirado por grandes músicos, como Dorival Caymmi, Gilberto Gil e Caetano Veloso, entre outros, o genial instrumentista e sofisticado inventor de melodia e harmonias, ganhou notoriedade com as antológicas canções Baião (1946), Asa Branca (1947), Siridó (1948), Juazeiro (1948), Qui Nem Giló (1949) e Baião de Dois (1950).


Asa Branca
Luíz Gonzaga

Quando "oiei" a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus "óio"
Se "espaiar" na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração.

12 dezembro, 2011

AMOR, MEU GRANDE AMOR

Amor, meu grande amor


Não chegue na hora marcada

Assim como as canções como as paixões

E as palavras

Me veja nos seus olhos

Na minha cara lavada

Me venha sem saber

Se sou fogo ou se sou agua



Amor, meu grande amor

Me chegue assim bem de repente

Sem nome ou sobrenome

Sem sentir o que não sente



(Refrão)

Que tudo que ofereço

É meu calor, meu endereço

A vida do teu filho

Desde o fim até o começo



Amor, meu grande amor

Só dure o tempo que mereça

E quando me quiser

Que seja de qualquer maneira

Enquanto me tiver

Que eu seja a ultima e a primeira

E quando eu te encontrar,meu grande amor

Me reconheça



(Refrão)



Amor, meu grande amor

Que eu seja a ultima e a primeira

E quando eu te encontrar,meu grande amor

Por favor, me reconheça



By Lêillane[Lê'eh]

CAZUZA
 

O GAGO E O TRANSEUNTE

O gago aborda um transeunte na rua:
- O se... senhor sa... sa... sabe, on... on... de fi... fi... ca a esco... cola de ga... ga... gagos?
- Mas para quê? O senhor já gagueja tão bem

O AMOR E A SAUDADE

Vagam no mesmo caminho
Unidos como dois pássaros
Recolhem-se no mesmo ninho
Usam a mesma coroa,
Andam na mesma canoa
Tangidos no mesmo vento,
Passam a mesma censura
Seguem a mesma amargura
Que dos tempos alimento.

(Domingos Fonseca)
Ele descobriu que estava ficando velho quando ladrões arrombaram seu carro para roubar o toca-fita, mas deixaram as fitas.
(S. BROWN).

11 dezembro, 2011

15 ANOS

Teus pelos pubianos
Faz-me ter mais planos.
E viver cem anos.

Teresina, 03 de agosto de 1980

UMA ESTRELA

O genro chegou pra sogra dele e falou; Genro: nossa sogrinha, eu queria que a senhora fosse uma estrela! Sogra: Ai é? Porquê? - pergunta toda feliz. Genro: Porque a estrela mais próxima está a milhões e milhões de kms da terra...

CONSOLO NA PRAIA

Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa,te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.

A ROSA DO POVO
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

LER É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO.

O Caipira e o Gênio

Um caipira lá de Minas, durante uma caminhada pelo sítio, encontrou uma lâmpada mágica. O gênio então concedeu a ele três pedidos. Depois de muito pensar, ele pede:
- Me dá um queijo.
Pensou mais um pouco e fez o segundo pedido:
- Me dá outro queijo.
Pensou mais um pouco e fez o terceiro pedido:
- Me dá também uma mulher.
- Por que você pediu dois queijos e só uma mulher? - quis saber o gênio.
- Ah, seu moço... eu fiquei com vergonha de pedir três queijos...

10 dezembro, 2011

ÚLTIMOS DESEJOS

Uma dor assola-me o peito.
Não sei se é medo,
Antes de morrer quero um beijo.

Uma flor sem cheiro,
Um ninho repleto de espinhos,
Sob meu rosto um véu, fel a mel, inferno a céu.

Para desfrutar meus pecados.
Com unhas e dentes desafiar o Diabo,
Ao lado de Deus sentar e sua máscara arrancar
E uma blasfêmia gritar!

Quero uma criança ninar,
Com o canto fúnebre das noites frias.
- Dorme criança sem vida!
As vendidas estão a me esperar,
Com requinte de luxúria vil.

Que lhes seja satisfatória minha última noite de gozo ancestral
E para além do bem ou do mal...
Com espírito hipócrita e antropomorfo,
Dotado de ignavos instintos de porcos.
Não, não desejo reencarnar se possível for.

Eis todos os meus últimos...
E te suplico que não esqueça que,
Antes de morrer quero um beijo
Mesmo sem desejo.

REPUGNAÇÕES & DESEJOS - Eduardo Dantas

09 dezembro, 2011

SILVESTRE

Olho para o céu e vejo uma lágrima.
Não sei se de tristeza ou de alegria.
Só sei que vejo uma lágrima.
Há tempos que a espero.
Surge novamente a esperança.
Tanto que chorei,
já pensava em desistir.
Pensamentos me consumiam.
Sei que agora devo resistir.
Sou assim, sei que sou forte.
Porém, a dúvida me bate.
Será que essa lágrima é suficiente?
ou devo esperar o colírio de Deus agir?
Acho que não tenho que esperar.
Vou fugir, mas para aonde?
Dúvidas, incertezas, incógnitas.
O certo é a utopia.
Estou ficando louco!
As coisas vazias.
A mente cheia de amarguras.
O corpo fraco, a família insegura.
E Deus que não age?
Espero que Ele não seja covarde!
E essa lágrima que não cai?
O céu não é mais o mesmo,
continua, cada vez mais, cinzento.

AUSÊNCIA

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

08 dezembro, 2011

Notícia

Na sala de espera do Hospital, o médico chega para o cara muito nervoso, e diz: - Tenho uma péssima noticia para lhe dar...A cirurgia que fizemos em sua mãe... - Não, Doutor. Ela não é minha mãe...minha sogra! - Nesse caso, então, tenho uma ótima notícia para lhe dar...

FOTOGRAFIA 3x4

BELCHIOR

Eu me lembro muito bem do dia em que eu cheguei
Jovem que desce do norte pra cidade grande
Os pés cansados e feridos de andar legua tirana...nana
E lágrima nos olhos de ler o Pessoa
e de ver o verde da cana..
Em cada esquina que eu passava
um guarda me parava, pedia os meus documentos e depois
sorria, examinando o três-por-quatro da fotografia
e estranhando o nome do lugar de onde eu vinha.
Pois o que pesa no norte, pela lei da gravidade,
disso Newton já sabia! Cai no sul grande cidade
São Paulo violento, Corre o rio que me engana..
Copacabana, zona norte
e os cabares da Lapa onde eu morei
Mesmo vivendo assim, não me esqueci de amar
que o homem é pra mulher e o coração pra gente dar,
mas a mulher, a mulher que eu amei
não pode me seguir não
esses casos de familia e de dinheiro eu nunca entendi bem
Veloso o sol não é tao bonito pra quem vem
do norte e vai viver na rua
A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia
e pela dor eu descobri o poder da alegria
e a certeza de que tenho coisas novas
coisas novas pra dizer
a minha história é ... talvez
é talvez igual a tua, jovem que desceu do norte
que no sul viveu na rua
e que ficou desnorteado, como é comum no seu tempo
e que ficou desapontado, como é comum no seu tempo
e que ficou apaixonado e violento como, como você
Eu sou como você. Eu sou como você. Eu sou como você
que me ouve agora. Eu sou como você. Como Você.

07 dezembro, 2011

ORELHA QUEIMADA

A loura foi à casa da sua amiga. Quando a amiga a viu, achou estranho que a sua orelha estava queimada e perguntou:
_ O que foi isso, amiga ?!
_ Nem te conto... Eu estava passando roupa quando, de repente, o telefone tocou. Em vez de atender o telefone, eu atendi o ferro.
_ E por que a sua outra orelha também está queimada ?
_ É que depois eu tentei chamar um médico.

06 dezembro, 2011

ANÃO LADRÃO

Um anão entra num banheiro público e não alcança o mijatório; pede então para um cara grandão que está ao lado para coloca-lo num banquinho para que ele possa mijar,o cara prontamente atende o pedido....
Quando o cara abre a calça pra mijar o anão olha pro lado e diz

- Pô cara, que saco lindo vc tem...

- Qual é anão? Você é viado?
- Não senhor, sou pequeno, mas sou casado, pai de seis lindos filhos...
- Então qual é a sua?
- É que nunca vi um saco tão lindo quanto ao seu... posso dar uma pegadinha?
- Tá louco, que apanhar nanico?
- Olha seu tamanho, seria covardia, me desculpe é que é realmente extraordinário o seu saco, é de verdade? me deixa dar uma pegadinha pra acreditar.... não tem ninguém olhando...
E assim, de tanto atormentar, o cara diz:
- Vai aí anão pega logo pra parar de encher...
O anão põe a mão numa bola, a outra mão na outra bola e diz:
- Ai malandro!!!!! Isso é um assalto, dá tudo senão eu pulo do banquinho!

05 dezembro, 2011

O LUTADOR

Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.
Insisto, solerte.
Busco persuadí-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.
Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssimas
e viram-me o rosto.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangue...
Entretanto, luto.
Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste escampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.
Preferes o amor

de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tontura.
Luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento.
Não encontro vestes,
não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculos
e ri-se das normas
da boa peleja.
Iludo-me às vezes,
pressinto que a entrega
se consumirá.
Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
outra sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.
Mas ai! É o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.

O ciclo do dia
ora se consuma
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Se eu tivesse o direito de escolher, jamais queria ser poeta.

FRANCISCO MOURA FILHO

O senhor é o diabo?

O garotinho chega pro pai e diz:
"Paiê... O senhor é o diabo?"

"Que é isso meu filho? De onde você tirou essa bobagem?"

"É que toda vez que o senhor sai de casa, a mamãe grita para o vizinho:

Pode entrar que o chifrudo saiu!"

04 dezembro, 2011

Chuva, suor e cerveja

Não se perca de mim
Não se esqueça de mim
Não desapareça
A chuva tá caindo
E quando a chuva começa
Eu acabo de perder a cabeça
Não saia do meu lado
Segure o meu pierrot molhado
E vamos embolar
Ladeira abaixo
Acho que a chuva
Ajuda a gente a se ver
Venha, veja, deixa
Beija, seja
O que Deus quiser...(2x)
A gente se embala
Se embora se embola
Só pára na porta da igreja
A gente se olha
Se beija se molha
De chuva, suor e cerveja...(2x)
Não se perca de mim
Não se esqueça de mim
Não desapareça
A chuva tá caindo
E quando a chuva começa
Eu acabo de perder a cabeça
Não saia do meu lado
Segure o meu pierrot molhado
E vamos embolar
Ladeira abaixo
Acho que a chuva
Ajuda a gente a se ver
Venha, veja, deixa
Beija, seja
O que Deus quiser...(2x)
A gente se embala
Se embora, se embola
Só pára na porta da igreja
A gente se olha
Se beija se molha
De chuva, suor e cerveja...(6x)
Composição: Caetano Veloso
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BÊBADO NO ÔNIBUS

Já na parte de trás do ônibus, grita de novo: - Desse banco pra frente todo mundo é corno! E daqui pra trás todo mundo é viado! Ao ouvir isto, levantam-se alguns dos passageiros, xingando o bêbado e ameaçando cobri-lo de porrada. O motorista, para evitar confusão, freia bruscamente e todos caem. Um deles se levanta, pega o bêbado pelo colarinho e pergunta: - Fala de novo, safado. Quem é corno e quem é viado? - Agora eu não sei mais. Misturou tudo!

É A NOVA!

JOHN LENNON NO PAÍS DA CORRUPÇÃO

Imagine uma pessoa nascer no Brasil
"O País da Corrupção", em uma família pobre.
E ainda ter um irmão. Já imaginou?
Na hora da refeição como será?
Se a comida não dá pra um, imagine pra dois.
Imagine um pai de família desempregado,
com os dois filhos doentes, no país da corrupção.
Sem dinheiro, sem remédio, sem plano. E também de saúde.
IMAGINE!
Imagine como fica a cabeça do político, honesto,
que nasceu nesse mesmo país!
Imagine a dor de um poeta sonhador,
só falando de IMAGINE.

PARADA NO PONTO DA ARTE

Gosto de poesia, não a faço de graça.
Na parada onde há o ponto da arte,
eu espero e aceno com a mão o ônibus
que anda circulando a vida
em preto-e-branco ou em cores.

Se ele parar muito bem,
se não, fiz minha parte.

A F. WILSON OLIVEIRA

Cobras criadas

Ontem, houve uma confraternização,
entre amigos, no bar do seu Rufino.
Lá só tinha cobras criadas.
Eu, como não sou bobo e nem nada,
estive lá, para apender ser,
cobra criada.

DA GLÓRIA AO FRACASSO

Nada de bom acontece.
Estresso-me, não faço mais sucesso.
De bom só as lembranças.
Vivo a viver do passado
e morrendo no presente.
O presente que está ancorado
o passado no meu pensamento.

Quando eu era estrela
e você comigo, dizia:
O seu sucesso é para a vida inteira.
Na época estava atuando
na peça "O poeta solitário".
Hoje, por ironia do destino,
sou um poeta solitário
e você só me chama de otário.

01 dezembro, 2011

REFLEXÃO – Você tem MEDO?

Você tem MEDO? Leia com atenção.

Numa terra em guerra, havia um rei que causava espanto. Sempre que fazia prisioneiros, levava-os a uma sala onde havia um grupo de arqueiros em um canto e, no outro, uma porta de ferro com figuras de caveiras cobertas de sangue. Nessa sala, ele os fazia ficar em círculo e então dizia:
- Podem escolher: morrer flechados pelos arqueiros ou passar pela porta e lá serem trancados.
Todos escolhiam serem mortos pelos arqueiros.
Ao término da guerra, um soldado, antigo serviçal do rei, disse-lhe:
- Senhor, posso lhe fazer uma pergunta?
- Diga, soldado.
- O que há atrás da assustadora porta?
- Vá e veja.
O soldado abre a porta lentamente e, à medida que o faz, raios de sol vão clareando o ambiente. Quando totalmente aberta, nota que a porta leva à liberdade. O soldado, admirado, apenas olhe seu rei. Este lhe diz:
- Eu dava a eles a escolha, mas preferiram morrer a arriscar abrir a porta.
Quantas portas deixamos de abrir pelo medo de arriscar? Quantas vezes perdemos a liberdade e morremos, por dentro, apenas por medo de abrir a porta de nossos sonhos?

GANGORRA - DP - 30/11/2011.

30 novembro, 2011

Pedido à Santa

Um empresário brasileiro, vítima da crise econômica,
ora em uma igreja:
- Ajudai-me, minha Santa Edwiges! Fazei com que eu
me livre da falência, que eu consiga pagar aquela dívida
gigantesca com meus fornecedores e com o governo!
Cuidai para que meus bens não sejam confiscados,
minha contas bloqueadas ...
Nisso, um pé-rapado, de aspecto bem miserável,
ajoelha-se ao lado e começa a rezar em voz alta:
- Ó, minha Santa Edwigens, protetora dos endividados,
me ajude a ganhar no bicho pelo menos uns cem reais
pra eu comprar comida pra minha família! Misericórdia!
Só cem reais, minha santinha!
O empresário pega cem reais na carteira e entrega para o pobre:
- Pega seus cem reais e se manda daqui! Deixa a Santa
se concentrar no meu caso, pô.
-x-x-x-x-

Leia o texto abaixo e depois...

"Leia o texto abaixo e depois leia de baixo para cima"

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...
Clarice Lispector

29 novembro, 2011

ÚLTIMA TRANSA

Suplico,
Quero transar com você.
Mesmo sem você querer.
Antes de morrer.

O CAIPIRA E O ENGENHEIRO

Um caipira vai observar um engenheiro que está trabalhando na construção de uma estrada. O engenheiro está fazendo medições do terreno com um teodolito.

-Taaarde! –começa a prosa o mineiro – prá que ocê tá usando esse trem aí?

-Estou medindo o terreno para a construção de uma estrada que vai passar por aqui. – responde o engenheiro.

-Uai!?? E oceis precisa desse trem pra fazê uma estradica?

-Sim, é necessário. Por que? Vocês aqui em Minas não usam isso para construir estradas?

-Ói, nóis num usa, não. Quando a gente qué fazê uma estrada, nóis sorta um burro e vai atrais, seguindo o bicho. Por onde o ele passá é o caminho mais fácil pra fazê a estrada...

-Muito engenhoso o método de vocês. Mas como é que se faz se vocês não tiverem o burro? –pergunta o engenheiro.

-Bão, quando é anssim, a gente chama us engenheiro.

NÃO TENS MAIS CHANCE

.
..
...
....
.....
SEIS
NA MINHA VIDA
SÓ CONTO ATÉ TRÊS.

25 novembro, 2011

POLÍTICO FAMOSO

Numa festa, a madame é apresentada a um eminente político.

- Muito prazer! - diz ele.

- Prazer! Saiba que já ouvi muito falar do senhor!

- É possível, minha senhora, mas ninguém tem provas!

BUSCANDO A CRISTO

A vós correndo vou, braços sagrados,

Nessa cruz sacrossanta descobertos

Que, para receber-me, estais abertos,

E, por não castigar-me, estais cravados.





A vós, divinos olhos, eclipsados

De tanto sangue e lágrimas abertos,

Pois, para perdoar-me, estais despertos,

E, por não condenar-me, estais fechados.





A vós, pregados pés, por não deixar-me,

A vós, sangue vertido, para ungir-me,

A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me





A vós, lado patente, quero unir-me,

A vós, cravos preciosos, quero atar-me,

Para ficar unido, atado e firme.

GREGÓRIO DE MATOS GUERRA

24 novembro, 2011

ai de mim, copacabana

TORQUATO NETO

ai de mim, copacabana

um dia depois do outro
numa casa abandonada
numa avenida
pelas três da madrugada
num barco sem vela aberta
nesse mar
nem mar sem rumo certo
longe de ti
ou bem perto
é indiferente, meu bem

um dia depois do outro
ao teu lado ou sem ninguém
no mês que vem
neste país que me engana
ai de mim, copacabana
ai de mim: quero
voar no concorde
tomar o vento de assalto
numa viagem num salto
(você olha nos meus olhos
e não vê nada -
é assim mesmo
que eu quero ser olhado).

um dia depois do outro
talves no ano passado
é indiferente
minha vida tua vida
meu sonho desesperado
nossos filhos nosso fusca
nossa butique na augusta
o ford galaxie, o medo
de não ter um ford galaxie
o táxi, o bonde a rua
meu amor, é indiferente

minha mãe, teu pai a lua
nesse país que me engana
ai de mim, copacabana
ai de mim, copacabana
ai de mim, copacabana
ai de mim.

musicada por Caetano Veloso


em "Os Últimos Dias de Paupéria"
Org. Wally Salomão e Ana Maria S. de Araújo Duarte
Ed. Max Limonad, 1982

23 novembro, 2011

JOÃOZINHO NA HORA DO JANTAR

Durante o jantar, Joãozinho conversa com a mãe: - Mamãe, por que é que o papai é careca? - Ora, filhinho.... Porque ele tem muitas coisas para pensar e é muito inteligente! - Mas mamãe....então por que é que você tem tanto cabelo? - Cala a boca e come logo esta po*ra de sopa, menino!

22 novembro, 2011

MULTIDÃO

NO MEIO DA MULTIDÃO
ME SENTI PEQUENO.
PORÉM A MULTIDÃO,
DE PENSAMENTOS
E DE SENTIMENTOS TÃO PEQUENOS,
ERA TÃO PEQUENA,
QUE, NO MOMENTO,
ME SENTI GRANDE.

HOMENAGEM AO ERNANDES

ILUMINAR

Na viagem,
Não dava para
Ver a paisagem.
Era noite e o pássaro dormia.
E eu sem sono, não via
A hora de amanhecer o dia.

21 novembro, 2011

SEGREDO

do nosso segredo
sabe a flor que vigia a noite
e o luar da varanda
quente no meu corpo.

sabem nossas bocas
travadas pelo medo
e nossas mãos vazias
de nossas próprias mãos.

sabem nossos olhos
quando se encavilham
sabe meu verso cheio de falta
e dessa saudade teorizada
que se põe sobre as coisas.

GRAÇA VILHENA

20 novembro, 2011

DEPOIS DA TEMPESTADE

Amanhã
Vou amanhecer contente,
Pois me deste
Um grande presente:
Voltaste a me amar.
Depois de me odiar.

Loucura das esposas

Bate-papo entre dois brasileiros e um português:
Um brasileiro diz:
- Eu acho que minha mulher esta louca. Vai todos os
dias comprar jornal e é cega.
E o outro brasileiro diz:
- E a minha que é surda e vai todos os dias comprar
cds.
E o português diz:
- E o pior é a minha que tem camisinha na bolsa e nem
pênis tem!

19 novembro, 2011

MANUAL PARA ENTENDER AS MULHERES

- HUM = TÔ COM CIÚMES
- SEI = NÃO ACREDITO EM NADA DO QUE DISSE
- TÁ = PARA DE FALAR
- NÃO É NADA = TÁ TUDO ERRADO, TEM ALGUMA COISA
- NÃO FALA COMIGO = PEDE DESCULPAS AGORA
- ESQUECE = NÃO ADIANTA, NÃO VAI ENTENDER
- ENTÃO VAI = NÃO VAI DE JEITO NENHUM
- DE BOA = COM RAIVA
- SAI DAQUI AGORA = SE SAIR MORRE
- NÃO PRECISA VIR NA MINHA CASA = VEM JÁ
- FAÇA O QUE QUISER = SE FIZER JÁ ERA
- NÃO = SIM
- SIM = TALVEZ
- TALVEZ = NÃO

DE: JESUS PARA DEUS

Pai, por que nasci aqui?
Não tive tempo de curtir!
Nem, ao menos, de sorrir!
Deixe-me ir ao encontro de Ti.
E na viagem, quero força
para eu não cair.

18 novembro, 2011

PARABÉNS, MORRO!

Fogos de artifícios
Rajadas de balas
Pipas alegres ao ar
Churrascos nas lajes
Pó e mais pó de arroz
Cervejas a balde
O morro aniversaria
Escolas e mulatas
O bolo no meio
Hoje não há aula
E o bolo no meio
Velas aos arredores
O bolo é comprido
E as velas são grandes

16 novembro, 2011

A 3ª

NÃO HÁ MAIS ESTRELAS
NÃO HÁ MAIS CÉU
NÃO HÁ MAIS SOL
NÃO HÁ MAIS DIA
NÃO HÁ MAIS AR
NÃO HÁ MAIS MAR.

Livros e Flores

Livros e flores

Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?

Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?

Machado de Assis

15 novembro, 2011

SONETO LÍRICO

Escuta, ó minha amada, o tempo nunca para
e o sorriso mais puro definha e emurchece.
Quer seja alma generosa ou seja alma avara
quer seja anjo ou demônio, seja choro ou prece

seja o dia escuro, seja a noite mais clara
quer seja o ódio que mata ou o amor que enlouquece
o destino insensato pra tudo prepara
o seu sopro fatal que aniquila e emudece.

Escuta, pois, ó amada, meu apelo enorme
acorda em tua alma teu desejo que dorme
e dissolve em meus braços teus sonhos fatais.

Vivamos com avidez o minuto que passa
amemo-nos por hoje, que tudo é fumaça
e nós dois amanhã não existiremos mais!

Álvaro Pacheco
Rio, maio 55 (Os instantes e os Gestos)

14 novembro, 2011

O NAVIO NEGREIRO VI

Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

CASTRO ALVES

O NAVIO NEGREIRO V

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...
Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...

CASTRO ALVES

O NAVIO NEGREIRO IV

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...

CASTRO ALVES

13 novembro, 2011

O NAVIO NEGREIRO III

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!

CASTRO ALVES

11 novembro, 2011

O NAVIO NEGREIRO II

Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!
O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...

CASTRO ALVES

10 novembro, 2011

O NAVIO NEGREIRO I

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.
Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................
Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!
Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.

CASTRO ALVES

09 novembro, 2011

VELHINHA POP

A velhinha entra num sex-shop, toda trêmula, e pergunta ao vendedor:
- Voocêêê teeem viiibrrrradddooorrrrreeess?
- Temos sim senhora! De vários modelos…
- Teeeemmmm daaaaquueeeeleeesss immmpooortaaadooosss, de ciiinncoooo veloooociiiidaaadeeess?
- Temos sim, senhora!
- Ennntããão, meeee mooostrrraa cooomooo é quuueee eu faaaçooo paraaa dessliiiigaaar essstaaa meeerrrrdaaaa!

08 novembro, 2011

AS SEM-RAZÕES DO AMOR

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
E nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
E com amor não se paga.
Amor é dado de graça
É semeado no vento,
Na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
E a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
Bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
Não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
Feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
E da morte vencedor,
Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

04 novembro, 2011

AMOR DE HOMEM, NÃO DE MENINO

Quero te amar na rua.
Pode ser na lua.
Quero te amar,
não quero só beijar.
Quero te amar,
te amar nua.

31 outubro, 2011

AMAR

Carlos Drummond de Andrade
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

29 outubro, 2011

AO LUAR

 (Augusto dos Anjos – 1884-1914)
 
Quando, à noite, o infinito se levanta
A luz do luar, pelos caminhos quedos
Minha tátil intensidade é tanta
Que eu sinto a alma do Cosmos nos meus dedos!

Quebro a custódia dos sentidos tredos
E a minha mão, dona, por fim, de quanta
Grandeza o Orbe estrangula em seus segredos,
Todas as coisas íntimas suplanta!

Penetro, agarro, ausculto, apreendo, invado,
Nos paroxismos da hiperestesia,
O infinitésimo e o indeterminado...

Transponho ousadamente o átomo rude
E, transmudado em rutilância fria,
Encho o espaço com a minha plenitude!

É TEMPO DE BUSCAR O SENHOR!

28 outubro, 2011

MÚSICAS FÚNEBRES

Lagos, rios e mares poluídos.
E os ambientalistas de corações partidos.
Lixo nos mares da vida.
Tartaruga ganha um anel de plástico de adorno.
Sair na Sapucaí, grande consolo.
Para ecologistas, muitos transtornos.
Na Amazônia a música não para,
sucesso há anos: “Cortar e devastar”,
primeiro lugar na parada.
Chicos e mais Chicos,
compositores de “Preservação”, assassinados.
Novo sucesso: “Ronda a cidade”.
Usina nuclear: perigo ronda a cidade.
Vamos cantar! poluição no ar,
gás carbônico: amar, amar, amar ...